250.º Aniversário do nascimento de Francisco Ciera está a ser comemorado
2013-09-30
Em 2013 comemoram-se 250 anos do nascimento do notável matemático e astrónomo Francisco António Ciera, responsável pelos estudos preparatórios para a elaboração da primeira Carta Geral do Reino e pela introdução da telegrafia visual terrestre em Portugal.
Com o intuito de evocar dignamente este aniversário, e atendendo à relevância da obra de Francisco Ciera e às múltiplas competências reveladas ao longo da sua brilhante carreira - que vão desde a Matemática à Metrologia, passando pela Astronomia, pela Cosmografia, pela Geografia e pela Cartografia -, a Plataforma Intermunicipal para as Linhas de Torres (PILT) lançou a diversas entidades o desafio de levar a cabo um programa comemorativo concertado relativo à referida efeméride. O conjunto de entidades envolvidas neste programa, em que a PILT se constitui como plataforma de ligação, inclui as legítimas herdeiras de antigas instituições criadas ou dirigidas por Francisco Ciera, ou que desenvolvem a sua atividade nas áreas do conhecimento abarcado pela sua ação, ou que são, ainda, detentoras de relevante espólio documental e/ou museológico relacionado com a atividade do homenageado.
O referido programa, aberto à colaboração de todas as entidades interessadas, conta já com as seguintes participações: Exército e Marinha de Portugal, Comissão da História das Transmissões, CTT - Correios de Portugal, Direção Geral do Território, Sociedade de Geografia de Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território, Instituto Português da Qualidade e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Esse programa evocativo prolongar-se-á até 2014, data em que se perfazem também 200 anos sobre o falecimento de Francisco Ciera, e que coincide com o termo das comemorações do Bicentenário da Guerra Peninsular, acontecimento em que a sua ação, no âmbito das comunicações militares, foi de particular relevância.
Relativamente ao desenvolvimento desse programa comemorativo, estão previstos os seguintes eventos:
- Criação de Imagem Gráfica do evento - 250 anos do nascimento de Francisco Ciera (1763-1814).
- Edição de selo comemorativo enquadrado no tema "vultos da História e da Cultura".
- Edição de lotaria comemorativa.
- Atribuição do nome de Francisco Ciera a uma artéria da cidade de Torres Vedras.
- Conferências sobre a obra de Francisco Ciera e áreas temáticas por ele abarcadas.
- Exposição a realizar pela Comissão Cultural da Marinha, na Cordoaria Nacional.
- Construção de uma réplica do telégrafo de ponteiros de Ciera.
- Produção de publicação digital evocativa da pessoa e da obra de Francisco Ciera.
De referir desde já que no âmbito destas comemorações, a Sociedade de Geografia de Lisboa promoveu, no passado dia 8 de maio, uma conferência sobre Francisco António Ciera, proferida por Maria Helena Dias. A Academia de Marinha tem igualmente programada uma conferência alusiva ao homenageado, para o próximo dia 26 de novembro, na qual será orador o Capitão-de-mar-e-guerra Carlos Oliveira e Lemos.
Já no próximo dia 14 de outubro terá lugar a 41ª extração da Lotaria Clássica, comemorativa do 250º aniversário de Francisco Ciera (mais informações sobre esta iniciativa podem ser consultadas pelo link: www.jogossantacasa.pt/web/JogarLotClass).
Francisco António Ciera nasceu em Lisboa, no ano de 1763. Seu pai, Miguel António Ciera, matemático italiano, cedo deixou o seu Piemonte natal, tendo-se fixado em Portugal, onde viria a prestar inúmeros serviços de relevo, nomeadamente na área da cartografia. Francisco Ciera deu continuidade aos trabalhos desenvolvidos pelo seu progenitor, com quem se iniciou nas áreas da matemática e da cartografia. Foi Doutor em Matemática, Lente da cadeira de Astronomia e Navegação na Academia Real de Marinha, e sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa e da Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica, entidade que o viria a premiar em 1803.
Francisco Ciera iniciou a triangulação geral de Portugal, impulsionada por D. Rodrigo de Sousa Coutinho, com o objetivo de elaborar a Carta Geral do Reino de Portugal e a medição do grau do Meridiano. Os trabalhos geodésicos que dirigiu foram precursores da moderna cartografia portuguesa, tendo possibilitado a elaboração de mapas com maior rigor no posicionamento territorial e na representação do relevo.
Em 1803 Francisco Ciera foi encarregado de reformular o sistema semafórico da barra de Lisboa, tendo-lhe sido posteriormente confiada a missão de estabelecer a primeira Rede Portuguesa de Comunicações Telegráficas. Em 1810 foi nomeado primeiro Diretor do Corpo Telegráfico Português, integrado na engenharia militar, funções em que se manteve até 1814. Com essa responsabilidade, criou os telégrafos óticos portugueses de ponteiro, de postigos e de balões.
Durante a Guerra Peninsular, o sistema de comunicações português viria a ser amplamente utilizado, a par do telégrafo inglês "de balões". Apesar do seu menor alcance, o telégrafo "de Ciera" revelou-se, todavia, mais económico, de mais fácil utilização e de maior eficácia.
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