História

Contextualização

A Revolução Francesa ocasionou diversos conflitos - as chamadas Guerras Napoleónicas - protagonizadas por França e Inglaterra, as maiores potências europeias, entre finais do século XVIII e inícios do século XIX, mas que envolveria outras nações.

Dentro da estratégia hegemónica de Napoleão Bonaparte, que se tornara Imperador de França em 1804, o domínio da Península Ibérica era fundamental para travar o forte poder marítimo inglês no Atlântico e nos portos comerciais do Mediterrâneo, assim como o seu poder económico, uma vez que quem dominava economicamente, tinha igualmente a supremacia política na Europa.

Para o conseguir, Napoleão decretou, a 21 de Novembro de 1806, o Bloqueio Continental, isto é o encerramento dos portos de todos os países europeus ao comércio inglês, pretendendo, deste modo, enfraquecer Inglaterra. Para tal, importava sobremodo a adesão dos países situados nos extremos do continente europeu, nomeadamente os do Império russo e da Península Ibérica.

Excepto Portugal, histórico aliado dos ingleses, que manteve uma política de neutralidade, embora simpatizante de Inglaterra, todas as nações fecharam os seus portos ao comércio com Inglaterra. Como consequência, no final de 1807, um exército francês de 24.000 homens, sob o comando do general Jean-Andoche Junot, invadiu Portugal, apoiado por três exércitos espanhóis. Os portugueses não ofereceram resistência, tendo o príncipe regente, D. João, partido para o Brasil com a família real e a respectiva corte, escoltado por uma frota inglesa, assegurando, deste modo, a independência nacional. Junot formou então governo em Lisboa, e as suas tropas ocuparam importantes fortalezas do reino. O governo britânico reagiu, auxiliando Portugal com um exército, em Agosto de 1808, comandado por Sir Arthur Wellesley, futuro duque de Wellington, que combateu o exército de Junot no Vimeiro e negociou a Convenção de Torres Vedras-Lisboa, comummente designada por Convenção de Sintra, para a expulsão das tropas francesas de Portugal.

O exército francês invadiu de novo o país, pelo Norte, desta vez comandado pelo marechal Nicolas Soult, ocupando a cidade do Porto. Wellesley regressou a Portugal com tropas britânicas. Com o apoio de um exército português, reorganizado sob o comando do marechal William Carr Beresford, tendo atacado Soult e expulsado os soldados franceses de Portugal.

Determinado a vencer a Guerra Peninsular, Napoleão enviou o seu melhor marechal André Masséna, para que invadisse novamente o reino de Portugal, com 65.000 homens, em Setembro de 1810.

Entretanto, Inspirado nos trabalhos de José Maria das Neves, Arthur Wellesley enviou, a 20 de Outubro de 1809 um Memorando a Fletcher, mandando construir secretamente um conjunto de fortificações. O Memorando mandava reconhecer o terreno e fortificar os pontos mais convenientes e defensáveis, criando um sistema de defesa que viria a ser conhecido por Linhas de Torres Vedras - três linhas com um total de 152 redutos e 600 peças de artilharia, um sistema de comunicações com postos de sinais, defendido por 36.000 portugueses, 35.000 britânicos, 8.000 espanhóis e cerca de 60.000 homens de tropas portuguesas não regulares, estendidos ao longo de mais de 88Km - o maior sistema de defesa efectiva na história, construído durante a Guerra Peninsular, sob a direcção do Tenente-coronel britânico Richard Fletcher, que deu aos acontecimentos de Portugal uma dimensão europeia. É este acontecimento singular da história - As Linhas de Torres Vedras - que aqui se presentifica, procurando fazer-se a sua comemoração, passados 200 anos da sua construção.

O presidente da Comissão Executiva,
Carlos Guardado da Silva

Carta das Linhas de Torres Vedras

Carta das Linhas de Torres Vedras

Forte de S. Vicente, Torres Vedras

Forte de S. Vicente, Torres Vedras