Comissário
Lembrar as Linhas de Torres Vedras
Para nós torrienses, como para os portugueses em geral, lembrar as Linhas de Torres Vedras é muito mais do que uma simples efeméride, dois séculos depois.
Por "efeméride", entendem os dicionários alguma "notícia de acontecimento importante ocorrido em determinada data". Ora, o que as nossas Linhas evocam ocorre agora, como então, na permanente disposição que temos como povo de garantir a identidade e a liberdade do nosso ser colectivo.
Impressionante foi verificar na altura como é que, com a oportuna colaboração britânica, se conseguiu em tão pouco tempo mobilizar populações inteiras, para construir uma barreira defensiva que se revelou intransponível. Impressionante foi também a capacidade de manter em segredo tudo o que se fazia, causando no invasor uma surpresa que foi o princípio da sua desistência e recuo.
Sendo, como a Guerra Peninsular no seu conjunto, um momento difícil da vida nacional, que acabaria por tornar inviável qualquer regresso ao anterior estado de coisas, as Linhas de Torres Vedras abriram a época contemporânea em que, a vários títulos, continuamos.
Lembrá-las hoje, na paz europeia de que felizmente gozamos, é evocar todos os que aqui estiveram, dos dois lados das Linhas, quando nós, seus descendentes, nos reencontramos num projecto comum para o Continente e para o Mundo.
Lembrando os de então, abrimos o futuro na solidariedade e na paz.
O Comissário da Comissão Municipal
D. Manuel Clemente
O Comissário da Comissão Municipal, D. Manuel Clemente
Manuel Clemente nasceu em Torres Vedras a 16 de Julho de 1948. É licenciado em História e Teologia e doutorado em Teologia Histórica. Em 1975 começou a leccionar na Universidade Católica Portuguesa, tornando-se depois director do Centro de Estudos de História Religiosa dessa instituição.
Em Junho de 1979 foi ordenado presbítero; vinte anos depois, em Novembro de 1999, foi nomeado Bispo Auxiliar de Lisboa, com o título de Pinhel, e em de Janeiro de 2000, ordenado na Igreja de Santa Maria de Belém (Jerónimos). Em 2007, o Vaticano nomeou-o Bispo do Porto.
Publicou, entre outras, as obras Nas origens do apostulado contemporâneo em Portugal. A Sociedade Católica (1843-1853) [UCP, 1993], Igreja e Sociedade Portuguesa do Liberalismo à Republica [Grifo, 2002] e História e Religião em Torres Vedras [Grifo, 2004].